segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Foto

  -Nossa, olha a minha cor...parece até que eu tinha ido para uma guerra e voltei toda feliz pra tirar uma foto e guardar isso para sempre... Aliás, para ALGUÉM guardar para sempre. Como você AINDA tem isso?...Olha...é você?! -Eu segurava uma foto antiga, da  época em que nós três éramos praticamente vizinhos. Ela na direita fazendo uma careta, eu no meio e o Rick na esquerda sorrindo muito.
  -Aham. Que bonitinha você era. Olha os seus olhinhos puxados, hoje em dia parece que é menos...acho que você se tornou mais brasileira do que japa. Eh! ainda bem que eu guardei essa foto. sempre gostei do jeito bobo/feliz que o Rick tá sorrindo nela, agora que sei que é você que tá do lado dele, vou guardar com mais carinho ainda...
  -Menos japa...? Aaai só você mesmo... Que legal, quero uma cópia dessa foto.
  -Você também quer Rick?
  -Eu não.... toda vez que olhar vou me lembrar de que a primeira menina que eu fiquei afim, agora tá com a minha irmã.
  -Larga mão de ser bobo... Olha, o seu destino tá ligado com a nossa familia...Você ainda vai fazer parte dela...
  -Ah talvez... - A conversa estava tomando um rumo estranho, não gostava de falar do futuro, ainda mais com alguém que está se mudando em poucos dias, então puxei uma conversa boba qualqr...
  E lá estavamos nós três sentados e dando risadas das fotos dela... Esse era um daqueles momentos estranhamente engraçados que você guarda na memória. Eu com certeza não ia esquecer tão cedo.
  Meia hora depois me vi sentada a mesa com a família reunida. Conhecer os pais dela foi bem mais tranquilo do que eu imaginei, na verdade foi mais um reencontro. Descobri que o pai era uma comédia, ele falava dos assuntos espontâneamente e tudo acabava em risada, me lembrava dele como um homem sério, concentrado e cansado de tanto trabalhar, mais não foi dificil de ver como eu estava equivocada. Também vi que era verdadeira a história de que ele tentava arranjar alguém para filhinha querida, coisas de pais, querem que os filhos sejam felizes sempre. Disse que eu iria ser a nora deles de qualquer jeito, eu iria casar com um dos dois e ele não se importava com qual fosse. Senti um certo carinho por ele, pelo desejo que ele teve de me ter na família. A mãe deles se lembrou de mim e começou a contar altas histórias de quando éramos pequenos, algumas até constrangedoras e outras engraçadas. Me contou de como o Rick ficou arrasado quando eles se mudaram e nós perdemos contato. Era nostálgico lembrar de tudo aquilo, olhar para trás e ver o quanto era fácil ser feliz, brincar, não ter de se preocupar com contas nem nada dessas coisas de "adulto". Por um momento senti que ia perder novamente aquela família adorável, que mais uma vez íamos nos separar. Droga. Me livrei logo daqueles pensamentos... a noite era para ser divertida. E COMO ia ser...

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