a garota

   _O que você falou? -Ops! Meu pensamento saiu em voz alta...
       _Ham? ah nada não...Na verdade...Aquela menina é nova na sala? 
   _Nossa você definitivamente não repara nas pessoas a sua volta.
   _É ou não?
   _Mais ou menos, ela já estuda com agente desde o começo do semestre...
   _Que estranho, nunca tinha visto ela por aqui....
   _Ela senta um pouco atrás de você... 
   A minha colega de sala continuou tagarelando falando e fazendo um monólogo sobre como sou desatenta e blá blá blá... não escutei um terço...só tentei me lembrar da garota...como eu nunca havia reparado nela? Ela era...linda.
   Uma mestiça de cabelos compridos, mais ou menos um metro e sessenta, séria, parecia ser na dela ou metida. Como nunca havia reparado nela? Só me lembrava dela vagamente...como vou me aproximar dela? 
   _Qual é o nome dela?
   _Nossa, quanto interesse nela, a alguns dias atrás você não desgrudava da professora e agora...-aaaah entendi porque não tinha reparado nela, estava distraída esses ultimos dias...
  _Já volto... - sai sem que a garota tivesse terminado de reclamar. Tinha que pensar um pouco...
  Fui a cantina gastar meu dinheiro(super escasso) com qualquer porcaria que me distraísse. Comprei um trident e uns pirulitos, fui até uma parte tranquila e sentei para pensar um pouco. 
  Jura que agora você vai aparecer em todos os lugares que eu for?

Desligada

   Ao longo dos anos você conhece vários tipos de pessoas...aquelas que passam batido e que você não lembra nem o nome, e aquelas que marcam tanto que você consegue manter na memória cada nota do perfume que ela usava. São poucas as pessoas que me marcaram tanto, diria que consigo contar nos dedos da mão direita quantas foram.
 As duas primeiras semanas após a viajem dela foram... um saco! Eu pensava nela toda hora, cheguei a duvidar se tinha feito a coisa certa deixando ela ir, mas o que eu podia fazer? pedir para ela abandonar os sonhos dela pra ficar comigo?! ou ir atrás dela e do mesmo jeito ficar no caminho dela?! Damn it...
  A terceira semana foi melhor. Começei a pensar em outras coisas, a me dedicar à faculdade e principalmente, a finalmente começar a prestar atenção nas aulas de introdução ao direito, e não só na pessoa que dava a aula. O fato de o professor substituto ser um quarentão simpático e engraçado ajudou bastante. Ele vivia mandando umas indiretas, dando em cima das alunas (inclusive de mim), mas isso não atrapalhava a qualidade da aula, era até engraçado ver as meninas fugindo dele. 
  Simpatia não é o meu forte, minhas melhores amigas costumam dizer que tinham medo de mim antes de me conheçer. Na faculdade não era muito diferente disso, eu chegava, escolhia um lugar(de preferncia no fundo), assistia as aulas, saia pro intervalo, voltava e depois ia embora. As pessoas que eu conheçia eram aquelas que se entrosavam com todo mundo, as "supersimpáticas". Cheguei a conclusão do quanto estava desligada quando fui fazer um trabalho em grupo e percebi que não conheçia metade do grupo, na verdade não me importei muito com o fato de não conhecê-los mas sim de nunca ter prestado atenção em uma menina em especial...
  _Quem é ela?

that drama

  Sabe quando você é pequena e geralmente seus pais, tios ou qualquer outro adulto fala que quando você ficar mais velha os dias vão passar tão rápido que um ano vai parecer um mês?! Pois é, o pior é que é tudo verdade... Meu "prazo" de um mês com minha linda professora passou como se fossem poucas horas, minutos, segundos... Ok, menos drama. Talvez fosse a vontade de me encontrar a toda hora com ela, de contar os minutos, de aprender mais, de rir do jeito daquela eterna adolescente no corpo de uma mulher beeeem sexy, diga-se de passagem... seja lá o que tenha sido, me fez valorizar cada momento...
  Na noite anterior a viajem dela voltamos ao Fran´s, precisávamos conversar, decidir como ia ser daqui para frente... Tínhamos evitado ao máximo tocar no assunto, porém era inevitável não falar sobre a viajem, as preparações, o estresse, o cansaço, tudo fazia parte. O que eu fazia era tentar relaxá-la e aproveitar nosso tempo juntas. Por um tempo pensei em várias possibilidades, fiz um drama para mim mesma e por fim decidi... ia ser o mais sincera possível e ver o que seria, ou seja, ia deixar que ela decidisse covarde. 

  Num geral eu não sou o tipo de pessoa que se apaixona ou que quer ter um relacionamento sério. Na verdade eu era quase o oposto disso. Eu gostava dela, muito. Ela era LINDA, e quem em sã consciência não ficaria encantada? Só que eu sabia que aquele encanto não demoraria a ser quebrado. Acho que o que mais me segurava era o fato de não ser minha escolha ficar ou não com ela, e sim algo que já estava decidido.

  Não ia mentir para ela, realmente tinha uma força muito grande que me segurava, que me fazia ter vontade de continuar, de passar por todas as dificuldades de um relacionamento à distância, entretanto eu me conheçia bem o suficente para não confiar na minha fidelidade... 

  _Olha, tem alguma coisa entre agente, algo que eu não sei descrever, que é muito bom, que me faz querer te impedir de ir, ou fazer qualquer outra loucura...-começei, mas ela logo me interrompeu

  _Não, deixa eu falar primeiro... - ela parou, respirou e pensou mais um pouco, estava escolhendo as palavras...- olha, há muito tempo não me sentia assim com uma pessoa, os dias com você foram alguns dos melhores, é uma pena que não tenhamos nos conheçido antes, que tudo isso demorou tanto pra acontecer, essa historia toda de viajem é tão desgastante, mas você estava sempre ali pra me acalmar, me escutando reclamar das coisas mais banais... Eu queria tanto ficar com você, é um sentimento forte pra tão pouco tempo.. o problema é que tudo isso me pegou de surpresa, por um lado a vontade de ficar, por outro a certeza de que eu tenho que ir...  queria propor para você um relacionamento a distancia, só que isso ia ser tão desgastante, ia ocupar um tempo que eu preciso ocupar em outra coisa...- Uau, essa realmente veio de surpresa. Eu fiquei me martirizando, tentando imaginar o que fazer com agente enquato ela já tinha tudo decidido... decidido que eu a atrapalharia...- por um lado eu agradeço por só ter te conheçido agora - agradeçe? como assim agradeçe? - isso torna as coisas menos duras, não vai nos machucar tanto...- reparei em uma lagrima que corria pelo rosto dela, percorrendo o canto do nariz até chegar a boca e parar entre aqueles lábios que sempre me faziam querer beijá-la...Mew, como eu estava sendo egoísta. Há dois segundos atrás eu estava pensando que não ficaríamos juntas, que ia deixá-la decidir isso e agora eu cheguei a pensar que ela estava errada, que ela era a egoísta, tudo por culpa de um orgulho que insistia em me acompanhar. DROGA, o que eu tava fazendo? - isso é tão...
  _Shiu. É a minha vez de falar...- assim como ela, tentei procurar as palavras certas. Ver ela sofrer, fazer aquilo sozinha me machucava mais do que tomar uma decisão errada - Olha, eu também pensei muito nisso, muito mesmo. Não queria tomar uma decisão errada sozinha. Não queria me arrepender e sentir uma culpa no futuro, mas agora que sei o que você pensa e as coisas são um pouco mais fáceis... Nosso tempo juntas foi ótimo, maravilhoso, só que...só que eu entendo que AGORA nós não podemos ficar juntas... que nossos caminhos estão se separando e que temos que segui-lo... Você foi e ainda é a minha professorinha linda, a mulher que me ensinou muitas coisas e eu jamais vou me esquecer de você. Eu realmente espero que você consiga realizar seus sonhos, que essa nova vida te traga muitas realizações e que um dia nos reencontremos...
  _...Eu queria...
  _Shiu...hey, Eu e você sabemos que isso já esta decidido... que nós duas temos a mesma opinião, que por mais que queiramos estar juntas não é pra ser...não agora. Que as palavras só vão tornar esse momento mais dificil pra nós duas... Só quero que você escute mais duas... Te amo!
  _Também te amo! Obrigada.

quantos?

   _Então você acha que eu tenho uns 10 anos a mais que você?- ainda estavamos na cama quando ela perguntou me encarando de cima, apoida no braço esquerdo.
   _Ahhh foi um palpite. São 10 anos pra menos, ok?! Afinal você pode parar de me enrolar e me dizer quantos anos você tem?!
   _Não, é segredo. No meu último dia aqui eu te conto.- Lembrar que daqui algum tempo ela ia embora era ruim. Me fazia querer segurá-la para que ela não fosse. Como eu estava abraçando ela pela cintura apertei ainda mais o corpo dela contra o meu.- Hey, calma. Não vou AGORA...
   _Eu sei, gosto do seu corpo mais perto do meu, de te abraçar...
Recomeçei de onde havíamos parado à meio minuto atrás. Não queria pensar em nada naquele momento, só aproveitar.


   

Let´s play a lovegame?

  O jantar foi prolongado com um convite. Eu não queria que a noite terminasse, então logo que os pais e o irmão dela foram embora dei um jeitinho de enrolar ali, não precisei de muito esforço, ela também queria que eu ficasse.
  Começamos com uma conversa na cozinha, lavando a louça e terminando a garrafa de vinho do jantar. Uma conversinha mole, eu paquerando ela, falando qualquer besteira que a fizesse rir, o vinho ajudou com isso. Conversamos um pouco, bem pouco. Alguns comentários sobre a noite, e perguntei porque ela havia saído correndo mais cedo quando soube que os pais dela estavam mexendo nas coisas do quarto, ela sorriu e me respondeu com um beijo, um beijo longo daqueles para aproveitar o momento. Brincando com o sabão fizemos o percurso cozinha/quarto sem nos desgrudar, foi engraçadinho e sexy ao mesmo tempo, quase derrubamos algumas coisas mas eu as aparava antes que caíssem e fizessem algum estrago ou sujeira que pudesse interromper o momento. No quarto eu me sentei na cama com ela sobre as minhas pernas, aquelas coxas tão...pegáveis me deixaram louca, ia perguntar alguma coisa mas ela não deixou, se afastou de mim, foi até o armário, abriu uma gaveta e tirou uma caixa, uma caixa cheia de "brinquedos", foi até o som e colocou uma música...Oh God! 

"Come inside, take off your coat,
i´ll make you feel at home
Now let´s pour a glass of wine
´cause now we´re all alone
I´ve been waiting all night,
so just let me hold you close to me
´Cause i´ve been dyin´ for you girl, 
to make love to me

Let me take off all of your clothes
Disconnect the phone so nobody knows
Let me light a candle,
so that we can make it better 
Makin´ love until we drown

Girl, you make me feel real good
We can do it ´til we both wake up
Girl, you know i´m hooked on you,
And this is what i´ll do.... 
I wanna sex you up " 

Foto

  -Nossa, olha a minha cor...parece até que eu tinha ido para uma guerra e voltei toda feliz pra tirar uma foto e guardar isso para sempre... Aliás, para ALGUÉM guardar para sempre. Como você AINDA tem isso?...Olha...é você?! -Eu segurava uma foto antiga, da  época em que nós três éramos praticamente vizinhos. Ela na direita fazendo uma careta, eu no meio e o Rick na esquerda sorrindo muito.
  -Aham. Que bonitinha você era. Olha os seus olhinhos puxados, hoje em dia parece que é menos...acho que você se tornou mais brasileira do que japa. Eh! ainda bem que eu guardei essa foto. sempre gostei do jeito bobo/feliz que o Rick tá sorrindo nela, agora que sei que é você que tá do lado dele, vou guardar com mais carinho ainda...
  -Menos japa...? Aaai só você mesmo... Que legal, quero uma cópia dessa foto.
  -Você também quer Rick?
  -Eu não.... toda vez que olhar vou me lembrar de que a primeira menina que eu fiquei afim, agora tá com a minha irmã.
  -Larga mão de ser bobo... Olha, o seu destino tá ligado com a nossa familia...Você ainda vai fazer parte dela...
  -Ah talvez... - A conversa estava tomando um rumo estranho, não gostava de falar do futuro, ainda mais com alguém que está se mudando em poucos dias, então puxei uma conversa boba qualqr...
  E lá estavamos nós três sentados e dando risadas das fotos dela... Esse era um daqueles momentos estranhamente engraçados que você guarda na memória. Eu com certeza não ia esquecer tão cedo.
  Meia hora depois me vi sentada a mesa com a família reunida. Conhecer os pais dela foi bem mais tranquilo do que eu imaginei, na verdade foi mais um reencontro. Descobri que o pai era uma comédia, ele falava dos assuntos espontâneamente e tudo acabava em risada, me lembrava dele como um homem sério, concentrado e cansado de tanto trabalhar, mais não foi dificil de ver como eu estava equivocada. Também vi que era verdadeira a história de que ele tentava arranjar alguém para filhinha querida, coisas de pais, querem que os filhos sejam felizes sempre. Disse que eu iria ser a nora deles de qualquer jeito, eu iria casar com um dos dois e ele não se importava com qual fosse. Senti um certo carinho por ele, pelo desejo que ele teve de me ter na família. A mãe deles se lembrou de mim e começou a contar altas histórias de quando éramos pequenos, algumas até constrangedoras e outras engraçadas. Me contou de como o Rick ficou arrasado quando eles se mudaram e nós perdemos contato. Era nostálgico lembrar de tudo aquilo, olhar para trás e ver o quanto era fácil ser feliz, brincar, não ter de se preocupar com contas nem nada dessas coisas de "adulto". Por um momento senti que ia perder novamente aquela família adorável, que mais uma vez íamos nos separar. Droga. Me livrei logo daqueles pensamentos... a noite era para ser divertida. E COMO ia ser...

o primeiro

  Meio segundo depois ela já tinha me largado e saiu em disparada pelo corredor até o quarto.
    Fiquei imaginando o porquê daquela pressa. O que teria feito ela se soltar de mim naquele momento e ir até o quarto?. Ia segui-lá até lá mas mudei de idéia assim que passei os olhos pelo monstrinho irmão dela que agora segurava uma risada e lia uma revista qualquer.  Ele sabia porque ela estava daquele jeito. Mas não foi isso que me fez mudar de idéia. Foi a conclusão de que, se ele era daquele tamanho, provávelmente o pai deles não ficava muito atrás... Não que ele fosse fazer algo comigo, mas a idéia do pai dela ser um cara grandão me deixava meio paralisada. Fala sério, sempre é mais fácil quando eles são de tamanhos normais... Durante meus pensamentos sobre o pai dela, o irmão, uma imagem familiar me veio a memória... Cara, eu conheço o monstrinho de algum lugar...De onde?? Minha memória fotográfica funcionava muito bem, eu conseguia lembrar de rostos como ninguém, o único problema é que eu sempre esqueço DE ONDE eu já vi a pessoa...
  -Hey já te vi em algum lugar...
  -Olha e depois minha irmã fica falando que eu fico dando em cima das "amigas" dela...
  -...definitivamente não é uma cantada...sério mesmo, eu te conheço, tenho CERTEZA.
  - Ha ha. Deixa eu ver... Espera...Nooossa... você sempre morou aqui na cidade?
  -aham.
  -Sua mãe chama, Yuka, Yuko?
  -chama.
  -quando você era pequena você morava perto do shopping central, que também era perto de um barzinho com o nome engraçado...como era mesmo...ah não vou lembrar, mais era um que todas as crianças do bairro usavam como ponto de encontro?! Conheçe?
  -Seeeeeei também não lembro o nome...você morava lá também?
  -Nossa só pode ser você... eu sou o Ricardo, hum, me chamavam de Bimba...não lembra MESMO?
  A imagem dele me veio perfeitamente a memória... era MUITA conincidencia encontrar ele ali...
  -Mentira que é você...
  -aham, como você esquece do seu namoradinho de infancia assim?
  Pois é, o Bimba/Rick tinha sido o meu primeiro namorado, namoradinho de infância, mas o primeiro. Acho que eu não tinha nem 10 anos e ele era bem mais velho do que eu, e sempre me protegia dos outros meninos que eu vivia provocando...depois de uns meses "juntos" eu me mudei pra um outro bairro e nunca mais nos falamos...nossa, a surpresa do dia..-Meu Deus como assim... faz muito tempo. Você também tá todo diferente.
  -É, eu cresci né... mas você continua lindinha, em uma versão adulta, ou quase...
  -Engraçadinho...Nossa, mas e aí, me conta como você tá? o que tá fazendo, nossa eu lembro que eu gostava tanto de você, só que não demonstrava...
  -Eh, e eu era o bobo apaixonadinho por uma guria mil anos mais nova...
  -Ah eh normal nessa idade.
  Lembrar que o Rick já fez parte da minha vida de um jeito muito bom, fez ele subir muito no meu conceito. Conversamos como se nos conheçessemos a anos. Ele me contou um pouco da vida dele, perguntei bastante sobre como ele e a irmã eram juntos, e como foi saber que ela gostava de meninas. Para minha felicidade ele tinha uma cabeça muito boa, eles se gostavam muito e adoravam se provocar...Relembramos momentos muito engraçados, como quando juntos com alguns amigos pulamos o muro de um terreno atrás de umas frutinhas, só que é claro, lá tinha um cachorro que saiu correndo atrás dagente, subimos na arvore e ficamos todos lá até o finalzinho da tarde, só conversando, provocando o cachorro e comendo as frutinhas. Foi super engraçado, só que também levei uma bronca enorme da minha mãe. Me deu uma vontade de dar um abraço nele, e fiz. Ahhh que nostaalgia daqueles tempos.
  -Hey, o que vocês dois estão fazendo? - ouvi a voz dela vindo de trás das minhas costas...